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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Estrutura das Palavras

ESTRUTURA DAS PALAVRAS

Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das palavras. Assim, compreendemos melhor o significado de cada uma delas. Observe os exemplos abaixo:

ARTISTA BRINCAMOS CHALEIRA CACHORRINHAS
art-ista brinc-a-mos cha-l-eira cachorr-inh-a-s

A análise destes exemplos mostra-nos que as palavras podem ser divididas em unidades menores, a que damos o nome de elementos mórficos ou morfemas.

Vamos analisar a palavra "cachorrinhas":

Nessa palavra observamos facilmente a existência de quatro elementos. São eles:

cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele que contém o significado.

inh - indica que a palavra é um diminutivo

a - indica que a palavra é feminina

s - indica que a palavra se encontra no plural

Morfemas: unidades mínimas de caráter significativo.

Obs.: existem palavras que não comportam divisão em unidades menores, tais como: mar, sol, lua, etc.

São elementos mórficos:

1) Raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos

2) Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos modificadores da significação dos primeiros

3) Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos.

Pegadinha 1

Desculpem o transtorno.
O verbo desculpar é transitivo direto e indireto, isto é, ele possui dois objetos: um
direto e outro indireto. A ordem em que esses objetos figuram na oração é indiferente.
Pode vir primeiro o objeto direto, depois o indireto, ou vice-versa. Trocando em
miúdos, quem desculpa, desculpa alguém por alguma coisa. O objeto direto é sempre
uma pessoa e o indireto é alguma coisa. Seria muito desagradável, neste caso, procurar
o transtorno para desculpá-lo por alguma coisa que tenha feito de errado. Será que foi o
transtorno quem escreveu essa frase?
O correto seria escrever:

Desculpem-nos pelo transtorno.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Conversa séria

Conversa séria

Espelho meu,
espelho meu,
sei que não há outra
mais bela do que eu.

Ninguém com estes olhos
de gata.
Ninguém com este sorriso
de comercial de dentifrício.
Ninguém com este nariz
arrebitado e no tamanho exato
para sentir cheiros especiais.
Ninguém com este cabelo
loiro, solto, brilhante.
Ninguém com este corpinho
exato nos montes e vales.

Ah, espelho meu,
esta espinha no queixo
acaba com a minha vida!

Elias José Cantigas de adolescer 

Eu Me Amo

Eu  Me  Amo
(Roger Rocha Moreira)
Há quanto tempo eu vinha me procurando
Quanto tempo faz, já nem lembro mais
Sempre correndo atrás de mim feito um louco
Tentando sair desse meu sufoco
Eu era tudo que eu podia querer
Era tão simples e eu custei pra aprender
Daqui pra frente nova vida eu terei
Sempre a meu lado bem feliz eu serei
Refrão
Eu me amo, eu me amo
Não posso mais viver sem mim
Como foi bom eu ter aparecido
Nessa minha vida já um tanto sofrida
Já não sabia mais o que fazer
Pra eu gostar de mim, me aceitar assim
Eu que queria tanto ter alguém
Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém
Longe de mim nada mais faz sentido
Pra toda vida eu quero estar comigo
Refrão
Foi tão difícil pra eu me encontrar
É muito fácil um grande amor acabar, mas
Eu vou lutar por esse amor até o fim
Não vou mais deixar eu fugir de mim
Agora eu tenho uma razão pra viver
Agora eu posso até gostar de você
Completamente eu vou poder me entregar
É bem melhor você sabendo se amar


Via Láctea

Via Láctea

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas"


Classificação do Sujeito

Classificação do Sujeito
O sujeito das orações da língua portuguesa pode ser determinado ou indeterminado. Existem ainda as orações sem sujeito.
1 - Sujeito Determinado: é aquele que se pode identificar com precisão a partir da concordância verbal. Pode ser:
a) Simples
Apresenta apenas um núcleo ligado diretamente ao verbo.
Por Exemplo: 
rua estava deserta.
Observação: não se deve confundir sujeito simples com a noção de singular. Diz-se que o sujeito é simples quando o verbo da oração se refere a apenas um elemento, seja ele um substantivo (singular ou plural), um pronome, um numeral ou uma oração subjetiva.
Por Exemplo:
Os meninos estão gripados.
Todos cantaram durante o passeio.
b) Composto
Apresenta dois ou mais núcleos ligados diretamente ao verbo.
Tênis e natação são ótimos exercícios físicos. 
c) Implícito
Ocorre quando o sujeito não está explicitamente representado na oração, mas  pode ser identificado.
Por Exemplo:
Dispensamos todos os funcionários.
Nessa oração, o sujeito é implícito e determinado, pois está indicado pela desinência verbal -mos.
2 - Sujeito Indeterminado: é aquele que, embora existindo, não se pode determinar nem pelo contexto, nem pela terminação do verbo. Na língua portuguesa, há três maneiras diferentes de indeterminar o sujeito de uma oração:
a) Com verbo na 3ª pessoa do plural:
O verbo é colocado na terceira pessoa do plural, sem que se refira a nenhum termo identificado anteriormente (nem em outra oração):
Por Exemplo:
Procuraram você por todos os lugares.
Estão pedindo seu documento na entrada da festa.
b) Com verbo ativo  na 3ª  pessoa do singular, seguido do pronome se:
O verbo vem acompanhado do pronome se, que atua como índice de indeterminação do sujeito. Essa construção ocorre com verbos que não apresentam complemento direto (verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação). O verbo obrigatoriamente fica na terceira pessoa do singular.
Exemplos:
Vive-se melhor no campo. (Verbo Intransitivo)
Precisa-se 
de técnicos em informática. (Verbo Transitivo Indireto)
No casamento, sempre se fica nervoso. (Verbo de Ligação)
Entendendo a Partícula Se
As construções em que ocorre a partícula se podem apresentar algumas dificuldades quanto à classificação do sujeito.
Veja:
a) Aprovou-se o novo candidato.
                                     Sujeito
    Aprovaram-se os novos candidatos.
                                         Sujeito
b) Precisa-se de professor. (Sujeito Indeterminado)
    Precisa-se de professores. (Sujeito Indeterminado)
No caso a, o se é uma partícula apassivadora e o verbo está na voz passiva sintética, concordando com o sujeito. Observe a transformação das frases para a voz passiva analítica:
O novo candidato foi aprovado.
         Sujeito
Os novos candidatos foram aprovados.
           Sujeito
No caso b, se é índice de indeterminação do sujeito e o verbo está na voz ativa. Nessas construções, o sujeito é indeterminado e o verbo fica sempre na 3ª pessoa do singular.
c) Com o verbo no infinitivo impessoal:
Por Exemplo:
Era penoso estudar todo aquele conteúdo.
É triste assistir a estas cenas tão trágicas.
Obs.: quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, fazendo referência a elementos explícitos em orações anteriores ou posteriores, o sujeito é determinado.
Por Exemplo:
Felipe e Marcos foram à feira. Compraram muitas verduras.
   Nesse caso, o sujeito de compraram é eles (Felipe e Marcos). Ocorre sujeito oculto.
3 - Oração Sem Sujeito: é formada apenas pelo predicado e articula-se a partir de um verbo impessoal. Observe a estrutura destas orações:
Sujeito
Predicado
-
Havia formigas na casa.
-
Nevou muito este ano em Nova Iorque.
   É possível constatar que essas orações não têm sujeito. Constituem a enunciação pura e absoluta de um fato, através do predicado. O conteúdo verbal não é atribuído a nenhum ser, a mensagem centra-se no processo verbal. Os casos mais comuns de orações sem sujeito da língua portuguesa ocorrem com:
a) Verbos que exprimem fenômenos da natureza:
Nevar, chover, ventar, gear, trovejar, relampejar, amanhecer, anoitecer, etc.
Por Exemplo:
Choveu muito no inverno passado.
Amanheceu antes do horário previsto.
Observação: quando usados na forma figurada, esses verbos podem ter sujeito determinado.
Por Exemplo:
Choviam crianças na distribuição de brindes. (crianças=sujeito)
Já amanheci cansado. (eu=sujeito)
b) Verbos serestarfazer e haver, quando usados para indicar uma ideia de tempo ou fenômenos meteorológicos:
Ser:
É noite. (Período do dia)
Eram duas horas da manhã. (Hora)
Obs.:  ao indicar tempo, o verbo ser varia de acordo com a expressão numérica que o acompanha. (É uma hora/ São nove horas)
Hoje é (ou são) 15 de março. (Data)
Obs.: ao indicar data, o verbo ser poderá ficar no singular, subentendendo-se a palavra dia, ou então irá para o plural, concordando com o número de dias.
Estar:
Está tarde. (Tempo)
Está muito quente.(Temperatura)
Fazer:
Faz dois anos que não vejo meu pai. (Tempo decorrido)
Fez 39° C ontem. (Temperatura)
Haver:
Não a vejo  anos. (Tempo decorrido)
Havia muitos alunos naquela aula. (Verbo Haver significando existir)
Atenção:
Com exceção do verbo ser, os verbos impessoais devem ser usados SEMPRE NA TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR. Devemos ter cuidado com os verbos fazer e haver usados impessoalmente: não é possível usá-los no plural.
Por Exemplo:
Faz muitos anos que nos conhecemos.
Deve fazer dias quentes na Bahia.
Veja outros exemplos:
Há muitas pessoas interessadas na reunião.
Houve muitas pessoas interessadas na reunião.
Havia muitas pessoas interessadas na reunião.
Haverá muitas pessoas interessadas na reunião.
Deve ter havido muitas pessoas interessadas na reunião.
Pode ter havido muitas pessoas interessadas na reunião.



Funções da Linguagem

Funções da Linguagem
Para que serve a linguagem?
A linguagem é uma das formas  de comunicação das coisas do mundo. O ser humano, ao viver em conjunto, utiliza vários códigos para representar o que pensa, o que sente, o que quer, o que faz.
Sendo assim, o que conseguimos expressar e comunicar através da linguagem? Para que ela funciona?
A multiplicidade da linguagem pode ser sintetizada em seis funções ou finalidades básicas. Veja a seguir:
1) Função Referencial ou Denotativa
Palavra-chave: referente
Transmite uma informação objetiva sobre a realidade. Dá prioridade aos dados concretos, fatos e circunstâncias. É a linguagem característica das notícias de jornal, do discurso científico e de qualquer exposição de conceitos. Coloca em evidência o referente, ou seja, o assunto ao qual a mensagem se refere.
Exemplo:
Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, uma maçã, uma laranja, uma banana e um morango. (Este texto informa o que há dentro da cesta, logo, há função referencial).
             
2) Função Expressiva ou Emotiva
Palavra-chave: emissor
Reflete o estado de ânimo do emissor, os seus sentimentos e emoções. Um dos indicadores da função emotiva num texto é a presença de interjeições e de alguns sinais de pontuação, como as reticências e o ponto de exclamação.
Exemplos:
a) Ah, que coisa boa!
b) Tenho um pouco de medo...
c) Nós te amamos!


3) Função Apelativa ou Conativa
Palavra-chave: receptor
Seu objetivo é influenciar o receptor ou destinatário, com a intenção de convencê-lo de algo ou dar-lhe ordens. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. É a linguagem usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.
Exemplos:
 a) Você já tomou banho?
         b) Mãe, vem cá!
c) Não perca esta promoção!

4) Função Poética
Palavra-chave: mensagem
É aquela que põe em evidência a forma da mensagem, ou seja, que se preocupa mais em como dizer do que com o que dizer. O escritor, por exemplo, procura fugir das formas habituais e expressão, buscando deixar mais bonito o seu texto, surpreender, fugir da lógica ou provocar um efeito humorístico. Embora seja própria da obra literária, a função poética não é exclusiva da poesia nem da literatura em geral, pois se encontra com frequência nas expressões cotidianas de valor metafórico e na publicidade.
Exemplos:
a)  “... a lua era um desparrame de prata”.
(Jorge Amado)
 b) Em tempos de turbulência, voe com   fundos de renda fixa.
(Texto publicitário)
c) Se eu não vejo
a mulher
que eu mais desejo
nada que eu veja
vale o que
eu não vejo
(Daniel Borges)
5) Função Fática 
Palavra-chave: canal
Tem por finalidade estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação. É aplicada em situações em que o mais importante não é o que se fala, nem como se fala, mas sim o contato entre o emissor e o receptor. Fática quer dizer "relativa ao fato", ao que está ocorrendo. Aparece geralmente nas fórmulas de cumprimento: Como vai, tudo certo?; ou em expressões que confirmam que alguém está ouvindo ou está sendo ouvido: sim, claro, sem dúvida, entende?, não é mesmo? É a linguagem das falas telefônicas, saudações e similares.
Exemplo:
Alô? Está me ouvindo?

6) Função Metalinguística
Palavra-chave: código
Esta função refere-se à metalinguagem, que ocorre quando o emissor explica um código usando o próprio código. É a poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. As gramáticas e os dicionários são exemplos de metalinguagem.
Exemplo:
Frase é qualquer enunciado linguístico com sentido acabado.
(Para dar a definição de frase, usamos uma frase.)



Observações:
- Em um mesmo texto podem aparecer várias funções da linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto, para então defini-lo.
- As funções para a linguagem foram bem caracterizadas em 1960, por um famoso linguista russo chamado Roman Jakobson, num célebre ensaio intitulado "Linguística e Poética".


Romeu e Julieta




 Romeu e Julieta

Este clássico da literatura universal vem há séculos seduzindo gerações de leitores apaixonados, que encontram nas páginas tecidas pelo inglês  William Shakespeare uma das mais belas e trágicas histórias de amor de todos os tempos. A história de Romeu e Julieta praticamente transformou-se em um arquétipo da psique humana, como ocorreu, por exemplo, com o mito de Édipo, criado por Sófocles, célebre dramaturgo grego, e convertido por Sigmund Freud em um conceito fundamental da Psicanálise.
Esta tragédia shakespeariana, elaborada entre 1591 e 1595, não é significativa apenas por enfocar o amor proibido entre dois jovens na Verona renascentista, mas também por denunciar a hipocrisia e as convenções sociais, os interesses econômicos e a sede de poder, elementos que engendram inevitavelmente a intolerância e condenam o sentimento nobre que brota dos corações de Romeu e Julieta.
Nesta cidade italiana, aproximadamente em 1500, duas famílias tradicionais, os Montecchios e os Capuletos, cultivam uma intensa e insustentável inimizade que já remonta a vários anos. Independente desta rivalidade, Romeu e Julieta, filhos únicos destes poderosos clãs, se apaixonam e decidem lutar por este sentimento.
Os amantes se conhecem em uma festa promovida pelo líder dos Capuletos, pai da jovem. Romeu, evidentemente, não foi convidado mas, acreditando estar apaixonado por Rosalense, uma das moças presentes no evento, se oculta sob um engenhoso disfarce e vai à celebração. Uma vez, porém, que ele se depara com Julieta, a imagem da outra garota desaparece de seu coração, e nele agora só há espaço para a jovem desconhecida. Logo depois os dois descobrem que pertencem a famílias que se odeiam.
Romeu, logo depois da festa, oculto no jardim, ouve involuntariamente o diálogo de Julieta com as estrelas, durante o qual ela confessa sua paixão. Ele então a procura e se declara. Um dia depois os dois, com o auxílio do Frei Lawrence, que pertence ao círculo de amizades do jovem, se casam em segredo.
Mas a sombra da tragédia parece persegui-los. Neste mesmo dia Romeu se envolve sem querer em uma briga com o primo de Julieta, Tebaldo, que ao descobrir a presença do Montecchio na festa de seus tios, planeja uma revanche contra ele. A princípio o jovem não aceita provocações, mas seu amigo Mercúrio confronta o adversário e é morto por ele, o que provoca a revolta de Romeu, o qual mata Tebaldo para se vingar.
Esta morte acirra ainda mais o ódio entre as famílias e o Príncipe da cidade manda Romeu sair de Verona. O velho Capuleto, sem saber da união de sua filha com o inimigo, arranja o casamento da filha com Páris. O frei a convence a aceitar o matrimônio, mas arma um plano. Pouco antes da cerimônia Julieta deverá ingerir uma poção elaborada por ele; com a ajuda deste preparado ela será considerada morta.
Romeu seria avisado e retornaria para retirá-la do jazigo dos Capuletos assim que ela despertasse. Porém, como não poderia ser diferente em uma tragédia a de Shakespeare, Romeu descobre o ocorrido antes de ser notificado pelo Frei. Desesperado, ele adquire uma poção venenosa e, na sepultura onde se encontra a amada, ingere o conteúdo do frasco e morre junto à Julieta.
A jovem, ao acordar, se dá conta do que aconteceu e, com o punhal roubado de Romeu, se mata. Os dois são encontrados juntos, mortos, para completo desespero dos familiares. Abalados com a tragédia, eles se reconciliam definitivamente.

Biografia de Luís de Camões:

Luís de Camões
Poeta português
Biografia de Luís de Camões:
Luís de Camões (1524-1580) foi poeta português. Autor do poema "Os Lusíadas", uma das obras mais importantes da literatura portuguesa, que celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal. É o maior representante do Classicismo português.
Luís de Camões (1524-1580) nasceu em Coimbra ou Lisboa, não se sabe o local exato nem o ano de seu nascimento, supõe-se por volta de 1525. Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo, ingressa no Exército da Coroa de Portugal e em 1547 embarca como soldado para a África, participa da guerra contra os Celtas, no Marrocos, onde em combate perde o olho direito.
Em 1552, de volta à Lisboa frequenta tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Numa briga feriu um funcionário real e foi preso. Embarca para a Índia em 1553, onde participa de várias expedições militares. Em 1556 vai para a China, também em várias expedições. Em 1570 volta para Lisboa, já com os manuscritos do poema "Os Lusíadas", que foi publicado em 1572, com a ajuda do rei D. Sebastião.
O poema "Os Lusíadas", funde elementos épicos e líricos e sintetiza as principais marcas do Renascimento português: o humanismo e as expedições ultramarinas. Inspirado em A Eneida de Virgílio, narra fatos heroicos da história de Portugal, em particular a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama. No poema, Camões mescla fatos da História Portuguesa a intrigas dos deuses gregos, que procuram ajudar ou atrapalhar o navegador.
Um aspecto que diferencia Os Lusíadas das antigas epopeias clássicas é a presença de episódios líricos, sem nenhuma relação com o tema central que é a viagem de Vasco da Gama. Entre os episódios, destaca-se o assassinato de Inês de Castro, em 1355, pelos ministros do rei D. Afonso IV de Borgonha, pai de D. Pedro, seu amante.
Luís de Camões é o poeta erudito do Renascimento, se inspira em canções ou trovas populares e escreve poesias que lembram as cantigas medievais. Revela em seus poemas uma sensibilidade para os dramas humanos, amorosos ou existenciais. A maior parte da obra lírica de Camões é composta de sonetos e redondilhas, de uma perfeição geométrica, sem abuso de artifícios, tudo parece estar no lugar correto.
No século XVI, em todos os reinos católicos, os livros deveriam ter a aprovação da Inquisição para serem publicados. Isso ocorreu com "Os Lusíadas", conforme texto de frei Bartolomeu, onde comenta as características da obra e ressalva que a presença de deuses pagãos não devem preocupar porque não passa de recurso poético do autor.
Uma das amadas de Camões foi a jovem chinesa Dinamene, que morreu afogada em um naufrágio. Diz a lenda que Camões conseguiu salvar o manuscrito de Os Lusíadas, segurando com uma das mãos e nadando com a outra. Camões escreve vários sonetos lamentando a morte da amada. O mais famoso é "A Saudade do Ser Amado". Camões deixou além de "Os Lusíadas", um conjunto de poesias líricas, entre elas, "Os Efeitos Contraditórios do Amor" e "O Desconcerto do Mundo", e as comédias "El-Rei Seleuco", "Filodemo" e "Anfitriões".
Luís Vaz de Camões morre em Lisboa, Portugal, no dia 10 de junho 1580, em absoluta pobreza.
Informações biográficas de Luís de Camões:
Data do Nascimento: 30/11/1523
Data da Morte: 10/06/1580
Nasceu há 490 anos
Morreu aos 56 anos
Morreu há 433 anos



Amor - O Interminável Aprendizado


Amor - O Interminável Aprendizado
Affonso Romano de Sant'Anna
Criança, ele pensava: amor, coisa que os adultos sabem. Via-os aos pares namorando nos portões enluarados se entrebuscando numa aflição feliz de mãos na folhagem das anáguas. Via-os noivos se comprometendo à luz da sala ante a família, ante as mobílias; via-os casados, um ancorado no corpo do outro, e pensava: amor, coisa-para-depois, um depois-adulto-aprendizado.

Se enganava.

Se enganava porque o aprendizado de amor não tem começo nem é privilégio aos adultos reservado. Sim, o amor é um interminável aprendizado.

Por isto se enganava enquanto olhava com os colegas, de dentro dos arbustos do jardim, os casais que nos portões se amavam. Sim, se pesquisavam numa prospecção de veios e grutas, num desdobramento de noturnos mapas seguindo o astrolábio dos luares, mas nem por isto se encontravam. E quando algum amante desaparecia ou se afastava, não era porque estava saciado. Isto aprenderia depois. É que fora buscar outro amor, a busca recomeçara, pois a fome de amor não sabia nunca, como ali já não se saciara.

De fato, reparando nos vizinhos, podia observar. Mesmo os casados, atrás da aparente tranquilidade, continuavam inquietos. Alguns eram mais indiscretos. A vizinha casada deu para namorar. Aquele que era um crente fiel, sempre na igreja, um dia jogou tudo para cima e amigou-se com uma jovem. E a mulher que morava em frente da farmácia, tão doméstica e feliz, de repente fugiu com um boêmio, largando marido e filhos.

Então, constatou, de novo se enganara. Os adultos, mesmo os casados, embora pareçam um porto onde as naus já atracaram, os adultos, mesmo os casados, que parecem arbustos cujas raízes já se entrançaram, eles também não sabem, estão no meio da viagem, e só eles sabem quantas tempestades enfrentaram e quantas vezes naufragaram.

Depois de folhear um, dez, centenas de corpos avulsos tentando o amor verbalizar, entrou numa biblioteca. Ali estavam as grandes paixões. Os poetas e novelistas deveriam saber das coisas. Julietas se debruçavam apunhaladas sobre o corpo morto dos Romeus, Tristãos e Isoldas tomavam o filtro do amor e ficavam condenados à traição daqueles que mais amavam e sem poderem realizar o amor.

O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava.

Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.

O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.

O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.

Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.

Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.

Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.

E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.

Absurdo. 

Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?

Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinquenta e outro dos oitenta? Coisa de demente.

Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.

Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.


Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.
O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
Optou por aceitar a sua ignorância.
Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.
E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.


Texto extraído do livro "21 Histórias de amor", Francisco Alves Editora – Rio de Janeiro, 2002, pág.11.


Amor é fogo que arde sem se ver ...

Amor é fogo que arde sem se ver ...
de Luís Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor? 

TRISTÃO & ISOLDA

TRISTÃO & ISOLDA

    Este livro conta um lindo romance, onda uma jovem muito bonita, irmã de um rei, casou-se com um grande guerreiro. Eles tiveram um filho, e por ela estar em profunda tristeza, colocou o nome de seu filho de Tristão. Mas se passaram algum tempo, a moça morreu não vendo o seu filho crescer. Então Tristão ficou aos cuidados de seu pai, que mais tarde também morreu. Certa vez, Tristão foi parar no reino do seu tio, porém nenhum dos dois sabiam que eram parentes. Passaram-se alguns tempos, e eles acabaram descobrindo, então Tristão ficou aos cuidados de rei Marcos, o seu tio.
    Estava acontecendo algumas guerras entre aquele reino, e o reino inimigo. O rei Marcos estava mandando alguns soldados, Tristão queria  muito ir junto, e de tanto insistir acabou conseguindo. Porém nessa guerra foi atingido por uma espada envenenada que médico algum poderia sarar a ferida que se formou. Então colocaram Tristão em uma barca sozinho, e soltaram no mar. Ele foi parar em um lugar que nunca havia ido. A rainha deste reino era uma bruxa, e tinha sido ela que havia envenenado aquela espada, pois o dono dela era o seu irmão. Esta bruxa tinha uma linda filha que se chamava Isolda. Aquela bruxa curou Tristão, e depois ele foi embora.
     Certa vez, Tristão estava conversando com seu tio Marcos, quando uma andorinha trouxe para ele um lindo fio de cabelo cor de ouro. O rei Marcos mandou que buscassem a dona daquele cabelo, Tristão se lembrou de Isolda, e foi em busca dela.
     Chegando lá, ouviu falar que quem matasse um dragão que estava assustando todos por lá, o rei daria a sua filha Isolda. Então Tristão criou coragem e foi enfrentar o dragão. A luta foi muito difícil, mas Tristão mesmo assim venceu. Ele cortou a língua do dragão para ter como troféu. Mas não conseguiu voltar para mostrar ao rei, pois estava muito fraco, e acabou desmaiando. Um homem muito esperto que passava por ali, vendo aquela situação, cortou a cabeça do dragão e levou para o rei. Isolda sabia que aquele homem não era capaz de ter matado o dragão, então saiu com a sua mãe por uma porta escondida, e encontraram Tristão caído no caminho. Elas viram no seu bolso a língua do dragão, e levaram ele para o castelo. Deixaram-no em um quarto e cuidaram dele até melhorar. Depois que ele melhorou, levaram ele ao rei, e ele contou toda a história. O rei  então, entregou Isolda para ele em nome do rei Marcos. Isolda ficou um pouco triste, pois ela queria se casar com Tristão e não com rei Marcos. Então sua mãe fez uma porção, que era para Isolda e o rei Marcos tomarem no dia da noite de núpcias, e assim se amariam muito, durante três anos.
     Chegou o dia de Isolda ir embora, estavam todos na nau, e então partiram. A viagem durou alguns dias, e Isolda estava um pouco triste, e sem querer, Brangia deu para ela  e Tristão aquela porção, e os dois se amaram ainda mais. 
     Eles então chegaram ao reino, Rei Marcos estava ansioso para receber a sua nova esposa. E chegou o dia da noite de núpcias, e Isolda estava preocupada, pois já havia perdido a usa virgindade com Tristão. Então teve a ideia de mandar Brangia, que ainda era virgem em seu lugar. Ela então aceitou. E depois da janta, Tristão foi conversar com seu tio, e falou pra ele, que era costume apagar as luzes na hora, lá na Irlanda. O rei achou bonito e mandou que fizesse o mesmo. Então como Brangia era do mesmo tamanho de Isolda o rei nem percebeu, e depois de um tempo que o rei já estava dormindo as duas trocaram, e o rei nem não descobriu.
     O tempo foi passando e Isolda e Tristão continuavam ter relação escondida, mas todos começaram a desconfiar e falar para o rei, até que ele mandou Tristão embora do reino. Mas mesmo assim os dois ainda se encontravam escondidos. Certa vez o rei soube do encontro dos dois, e foi escondido e ficou espiando. A sorte que naquela noite não ouve nada, eles apenas conversaram. Então Marcos começou a confiar nos  dois e deixou que Tristão voltasse a morar com eles.
    Certa vez, Marcos falou para Tristão, que no outro dia ele teria quer acordar cedo, para fazer algumas coisas. Então foram todos dormir, e Tristão ficou preocupado, pois precisava falar com Isolda antes de ir viajar. Como havia perdido o sono, percebeu que tinha entrado alguém ali, e espalhado farinha no chão, para que se Tristão fosse até a cama de Isolda eles iriam perceber. Naquela noite, Marcos se levantou de madrugada com uma roupa que parecia que iria caçar. Então Tristão aproveitou a oportunidade, e para não encostar seus pés no chão, pulou de sua cama até a de Isolda. Mas ele tinha um machucado na perna, e ele se abriu e começou a sangrar, então ele voltou para a sua cama. Mas eles já tinham visto e chamado o rei, e o rei descobriu tudo. E eles seriam mortos no dia seguinte.
     Então chegou o grande dia, mas antes de ser morto, Tristão pediram para ir até a capela, os soldados deixaram. Ele foi até lá na frente, se jogou do Vitral, e se escondeu no bosque, onde ninguém lhe via. Então restava somente Isolda, a morte deles seria em praça publica, e estava cheio de pessoas lá. O rei trouxe Isolda, e alguns leprosos que ali estavam, falaram para o rei que deixasse Isolda com eles, pois assim sofreria pro resto de sua vida. O rei concordou. Depois Tristão lutou com aqueles leprosos e conquistou Isolda, os dois foram correndo para o bosque e se esconderam lá.
     Ficaram lá por três anos, o efeito da porção já havia acabado, mas os dois ainda se amavam de verdade. E em certo dia, os dois estavam dormindo em sua barraca, e uma pessoa passou por ali, e viu os dois, então foi contar ao rei, que veio apressadamente para vê-los. Chegando lá, o rei ficou com pena de matá-los e como prova que passou por ali, trocou o seu anel com o de Isolda. Ao acordarem, logo perceberam que o rei havia passado por ali, e ficaram desesperados, mas depois se acalmaram. Então mandaram uma carta para o rei, perguntando se ele queria Isolda novamente, e ele respondeu que sim, então tiveram que entregar Isolda para ele.
     Tristão teve que ir embora dali, e foi morar em outro local, lá se casou com Isolda das mãos brancas, mas ele não lhe amava. Isolda a loura descobriu, e ficou brava, mas depois Tristão contou tudo para ela.      
     Depois de certo tempo Tristão  acabou arranjando algumas confusões e ficou muito mal, pediu que chamasse Isolda, ela veio correndo, mas não a tempo de vê-lo vivo. E depois de tanta tristeza ela também morreu!



domingo, 2 de fevereiro de 2014

Amantes - Ivan Angelo

Amantes

Dois inimigos. É assim que Carlos Drummond de Andrade define os amantes, no poema Destruição, no qual diz também que são meninos estragados pelo mimo de amar. São, mas não apenas isso.

Os amantes são narcisos, amam-se no outro, procuram nos que amam a certeza de que são amáveis.

Os amantes riem muito, e choram, são extremados na dúvida, na paixão, no ciúme – porque o amor é um descontrole.

Os amantes interferem na paisagem, atrapalham quem fica atrás na poltrona do cinema, retardam o trânsito no sinal verde, chocam os pudicos, impedem a passagem – porque não podem adiar um beijo.

Os amantes ouvem estrelas, pálidos de espanto.

Os amantes são namorados, noivos, par, casal, cônjuges, senhor e senhora, marido e mulher, caso, companheiros, affaire.

Os amantes escrevem seu amor nos muros, no último andar dos prédios, nos viadutos, nos jornais, nas faixas de rua – porque não conseguem guardar só para si aquele desconforto.

Os amantes riem até sem motivo, o que passa a ser um motivo.

Os amantes que se casaram são ameaçados de dia pela rotina, pelos parentes, por erros banais do tipo bife salgado, pelos azares do trânsito, pela conta do telefone – mas de noite esquecem.

Os amantes inventam toques, aconchegos, maravilhas, em modesta porém valiosa contribuição à cultura universal.

Os amantes cochilam de dia.

Os amantes compreendem os assassinatos, a doçura, a entrega, a covardia, a renúncia, a loucura, as perversões, a sordidez, a tragédia, a comédia, o ridículo, o sublime, o ódio, o suicídio, o drama, o sacrifício, todos os excessos humanos – porque há um pouco de tudo isso no amor.

Os amantes espicaçam-se como abelhas.

Os amantes adúlteros carregam culpas que impedem sua felicidade, mas tentam, tentam, e no tentar mais se agarram, e mais se afundam, e se debatem como dois náufragos.

Os quase amantes sabem aonde querem chegar, e vão indo.

Os amantes são obra de puro acaso, como tudo, pois tudo é formado por átomos que se encontraram há bilhões de anos e se agruparam em um corpo, vivo ou mineral, doce ou ácido, feliz ou infeliz.

Os amantes são egoístas aos pares.

Os amantes tendem a relaxamentos: acordam tarde, comem mal, descuidam-se dos amigos, faltam ao trabalho, perdem a média na matemática.

Os amantes confiam um no outro – e desconfiam com a mesma cegueira.

Os amantes dividem tudo: um doce, um copo de água, um aluguel, um crime.

Os amantes que têm filhos cortam grandes fatias do coração para as crianças, mas o coração não diminui, acrescenta-se, cresce de novo como rabo de lagartixa, para acomodar a pessoa amada.

Os amantes procuram-se como viciados.

Os amantes correm muitos riscos: de ferir o outro, de entender mal, de esperar demais ou de menos, de não suportar um não, de morrer de paixão. Por isso têm aquele ar aceso, para não errar.

Os amantes estão à beira de um abismo e olham o fundo, fascinados.

Os amantes esquecem a luz acesa, o fogão ligado, a torneira jorrando, o telefone fora do gancho... – nada é mais urgente.

Os amantes não chegaram prontos e acabados. Esculpiram-se, cada um tomou uma peça bruta e a moldou a seu gosto, desbastou imperfeições, poliu traços, gestos e humores. (Paul Éluard: "Qual de nós dois inventou o outro?".)

Os amantes são felizes às segundas, quartas e sextas-feiras, e infelizes às terças, quintas e sábados – e no domingo eles descansam, que ninguém é de ferro.

ANGELO, Ivan. Veja São Paulo. São Paulo: Abril, 4 jun. 2003. p. 114.