Pré-modernismo II
O Pré-modernismo não
é um movimento literário, é apenas o nome dado aos primeiros 20 anos do século
XX, durante os quais percebemos em alguns escritores certas antecipações da
visão crítica da realidade brasileira influenciados por movimentos europeus que,
mais tarde, o Modernismo iria desenvolver plenamente.
Esses homens escreviam
para fazer o leitor refletir sobre problemas que atingiam profundamente a
sociedade brasileira, rejeitando a ideia dominante de que a literatura era
apenas uma forma de entretenimento das elites.
Contexto histórico
Na República Velha, a
divisão entre as classes sociais permanece muito nítida: de um lado a classe
dominante representada pelos cafeicultores e pecuaristas em São Paulo e Minas
Gerais como centros de decisão(dessa dominação político-econômica resulta a
política do café-com-leite), também a burguesia industrial nascente em São
Paulo e Rio de Janeiro; de outro lado, o imigrante europeu vindo para substituir
a mão-de-obra escrava, a marginalização do negro, que tinha sido recém
libertado, e o aparecimento do proletariado. Foram as tensões entre esses dois
pólos que produziram os conflitos: a) fanatismo religioso, centrado na figura
do lendário Padre Cícero; b) fenômeno do cangaço em todo o Nordeste; c) guerra de
Canudos; d) revolta contra a vacina obrigatória - na verdade, apenas um
pretexto do povo contra a opressão; e) revolta da Chibata; f) greves operárias.
Nesse contexto histórico-cultural surgiu uma literatura de transição que cobre
as duas décadas do século XX no Brasil. Essa literatura antecipa algumas
características do Modernismo. Esse período literário denominado Pré-modernismo
apresenta duas facetas: 1. traço conservador - representado pela permanência de
elementos naturalistas e parnasianos; 2. traço renovador - representado pelo
interesse em relação à realidade brasileira, revelando as tensões de nossa
sociedade da época.
Manifestações artísticas
Foi nesse contexto que a
música popular brasileira - maxixe, toada, modinha e serenata - começou a
ganhar os salões sisudos onde, até então, só entravam a polca e a valsa. Essa
aceitação da música popular por parte da elite deu-se a partir do momento em
que compositores "sérios" começam a se interessar pelos ritmos
considerados populares. O carnaval começa a se firmar como a principal festa
popular do Rio de Janeiro. Em 1901, Chiquinha Gonzaga divulga a célebre marcha
"Oh, abre alas" e, em 1907, surge a primeira sociedade carnavalesca
no Rio. Data deste período, ainda, o nascimento do samba. A música de carnaval
vai incorporar a sátira política como tema, utilizando-a com um caráter
bastante irreverente. A pintura ainda seguia os moldes acadêmicos. Em 1913 o
pintor russo Lasar Segall faz uma exposição de sua obra, apresentando novos
temas e processos. Sua exposição passou despercebida. Em 1917 a pintora Anita
Malfatti promove uma exposição que causa escândalo. O crítico de arte na época,
Monteiro Lobato, publicou no jornal O Estado de S. Paulo um artigo chamado
"Paranoia ou Mistificação?" opondo-se às mudanças. Estava lançada a
polêmica que iria gerar a Semana de
Arte Moderna de 1922.
Obras mais importantes da época:
- Os sertões, de Euclides da Cunha - narra a
guerra de Canudos;
- Canaã, de Graça Aranha - mostra a problemática
do imigrante europeu;
- Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima
Barreto - trata do extremo senso patriótico;
- Recordações do escrivão Isaías Caminha, de
Lima Barreto - testemunha as mazelas da sociedade da época;
- Urupês, de Monteiro Lobato - contos que
procuram mostrar a situação do caboclo;
- Cidades mortas, de Monteiro Lobato - contos
sobre as dificuldades numa zona de economia decadente;
- Lendas do sul, de Simões Lopes Neto - resgata as
lendas populares da região sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário